agora dormes na tua cama sobre os montes que se desdobram
ao amanhecer até ao mar, estendidos pelas luzes da noite na cidade.
agora ouço os carros fora da janela, escrevo,
invento contra a energia que me assola desde cedo.
agora deixo-me no blog vivendo de novo os templos
de Mammalapuram as deusas abertas.
agora procuro um corpo
no meu corpo agora.
subo pelo desejo
urgentíssimo fogo
posso chamar-te agora de novo em mim,
viver na chama desse centro respirando para não voar
levantar do chão os pés até ao nosso encontro
posso até perder-me agora no engano da palavra
por escarnecer da paciência continuada
e ter passo maior do que caminho
sei-te no mundo dos ramos trepador
na matemática exacta das quedas
a gravidade perfurando o corpo em sinal de movimento,
ou gravitando nas páginas digitais pelos perigos do planeta
a nascer em secretas teias fios toldando este lado claro
que parece apenas por desconhecer tais enredos
conhecendo-te ao longe
na troca nova da memória
sendo o tempo seta a refazer
aquilo que sonhamos
dentro das casas plurais
de cada um a todo instante
toca-me
saudade
embora te veja e sinta
muito quando chegas
até mim
onde estás
como dizer-te um abraço agora?